domingo, 22 de abril de 2012


luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 111 cm x 76 cm, 2012
fotografia José Cortes

luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 148 cm x 141 cm, 2012
fotografia José Cortes

luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 76 cm x 57 cm, 2011
fotografia José Cortes

luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel,76 cm x 57 cm, 2011
fotografia José Cortes

luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 148 cm x 141 cm, 2011
fotografia José Cortes

luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 140 cm x 124 cm, 2011
fotografia José Cortes

luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 140 cm x 114 cm, 2010
fotografia José Cortes

luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 140 cm x 107, 5 cm, 2010
fotografia José Cortes

luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 103 cm x 140 cm, 2010
fotografia José Cortes

terça-feira, 17 de abril de 2012

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Danger, Danger!



Este projeto parte de uma reflexão sobre a lógica do absurdo na estranheza da interseção de sinais casuais, os referentes de um livro não lido, étranger, de Albert Camus publicado em 1942. Iniciada a sua leitura em diversos momentos e apreendido o seu sentido por notícias e discussões cruzadas, este trabalho refere a importância da memória na expressão da percepção do real entre linhas de casualidade. O acidente e a coincidência já abordadas na sua produção, ligam-se agora a uma revelação da forma através do enigmático, do desconhecido e do sensitivo,. em visões abrangentes de realidades interiores. E não fosse a causalidade da palavra, ao justificar o que está para além do entendimento, emergia a inconsciente linguagem monocromática no imediatismo de uma dinâmica pintura em marcha.
A unidade desta exposição estabelece-se na diversidade, traduzida a partir de visões de universos internos que apontam construções espaciais e enfoques diferenciados pela distância e proximidade, entre um obsessivo registo minuciosos e a valorização de entendimentos anímicos. Uma escrita carregada de uma multiplicidade de traços e formas segue a grandeza do espaço profusamente preenchido pela inquietude labiríntica de temáticas. Esta panorâmica global coexiste com uma valorização própria de seres irreais, destacados em planos proximos. São entes ambíguos, quanto à materialidade da sua existência voatil, estranhamente acentuada por inesperadas sombras, numa contra-luz de existências interrogadas; outros são recortados por longos cilindros, em forma de pescoço e que terminam em hastes igualmente cilíndricas, cruzando as suas linhas com o nosso olhar; e ainda outros, impõem-se pela tentação da forma pura, escurecidos por vigorosas pinceladas travessas. Esta variedade de imagens liga-se a uma exuberante e prolixa dispersão de signos, situação aplicável à especificidade da descrição do absurdo como dado característico da condição humana, mas também à justificação da existência e da importância das ações humanas, ideias perceptíveis na obra da Camus.
A súmula destas reflexões surge numa peça c
onstituida por uma espécie de óculo formal, distorcido em corpo ameboide, em visão ampliada e delineada por um traço constrangedor de modos de vida, em aparentes universos paralelos e mocroscópicos. Integram-se num imbricado de raios curvilíneos e labirintos de fenómenos, enérgica e pormenorizadamente tratados, em constraste por um traço constrangedor de modos de vida, em aparentes universos paralelos e miscroscópicos. Intehgram-se num imbricado de raios curvilineos e labirintos de fenómenos, enérgica e pormenorizadamente tratados, em constraste com o silêncio do suporte, manchado por uma aguada ténue de cinzas, entre zonas que se adensam e focos luminosos.
A linha que a define, em sugestões de mobilidade pseudópode, questiona também os limites de categorias em arte, numa intencional ambiguidade técnica que, neste caso, parece fazer da pintura o delineado traço de um desenho. Nas suas obras, a segurança da pincelada, em vigorosa gestualidade, segue por vezes contornos indefinidos, em diálogo constante com o tratamento dos fundos, de tonalidades neutras mas que se avolumam pelo cruzamento tensional das emoções expressas. A predominância do preto e das cinzes convive com delicados cromatismos sépia, como sinais captados por memórias e sensações.
Deixar acontecer a forma, em diálogos de lógicas dispersas, densamente povoados de seres, sinais e impressões, a partir do acaso, acaba por diluir mas também anunciar as permanentes fronteiras existentes entre os "estrangeiros" de mundos interiores e exteriores.
Isto acontece porque a diversidade, explorada em séries e numa multiplicidade de entendimentos, introduz sensações de momentos relacionados com o intimismo e uma realidade extrínseca a experiências sensoriais. No perigo de desvendar estas ligações reside a incerteza de realidades interiores, suspensas na essência dos não-lugares e das coisas, como aquela máscara propositadamente indefinida mas sobredimensionada pela carga emotiva do desconhecido. Entre a simplicidade e o perigo de manipulação situam-se obras com referentes paisagísticos, por vezes retirados do grande planisfério de paisagens interiores que inicia a exposição, outras ampliando sensações através de formas e cromatismos tenuamente expressos por sensitivas memórias.
De facto, as noções de fragilidade da natureza da memoria e de silêncios são comuns a todas as obras deste projeto mas destacam-se especialmente, no final da exposição, numa representação de vazio que adquire forma como aglutinante de uma obsessão do silêncio, resultado das dúvidas colocadas à ação comunicativa dos signos. Tudo parece perder significado perante o envolvimento desta forma por longas e largas pinceladas negras e cinza, constituindo-se assim um espaço silencioso, casualmente semelhante ao preenchimento pictórico de outros, ligando-se ao afastamento do "estrangeiro" de um entendimento do mundo através do silêncio.

Maria de Aires Silveira
Lisboa, 18 de Abril de 2011

(Exposição Danger, Danger! - Alecrim 50 - Lisboa)








luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 76 x 57 cm, 2011
Foto José Cortes

luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 140 x 163 cm, 2011
foto de José Cortes


luis silveirinha, s/titulo, guache s/papel, 152 x 140 cm, 2011
foto de José Cortes